Como forma de aumentar o difusão do Continente, até mesmo como ferramenta em sala de aula para os professores , sugiro alguns filmes sobre o tema.
- Um grito de Liberdade.
- Mandela - Luta pela Liberdade.
- Hotal Ruanda.
quinta-feira, 7 de junho de 2012
segunda-feira, 4 de junho de 2012
A NOVA MUSICA AFRICANA
Nneka e a nova música africana
Em Lagos vem surgindo, uma jovem cantora que promete não deixar o legado do cantor Fela 
Kuti morrer. Trata-se de Nneka, que é considerada a Lauryn Hill africana por sua 
voz e engajamento político. A artista, que completa 29 anos em dezembro, além de 
fazer um som bem diversificado, tem também uma origem multicultural, pois seu 
pai é nigeriano e a mãe é alemã, apesar de afirmar que se considera "mais 
africana do que européia". Uma das causas que Nneka mais discute em sua música é 
o conflito na região do Delta do Níger- território que grupos guerrilheiros 
reivindicam a separação do resto do país. A artista é bastante engajadas na 
solução dos problemas que afetam o continente africano e em especial sua terra 
natal e cenário de seus clipes, a Nigéria, vitimada por anos de corrupção, 
miséria e descaso.
O som de Nneka é uma mistura de reggae, rap, jazz, funk, trip hop, soul e é 
claro, afrobeat - ritmo tipicamente nigeriano. Recentemente a cantora fez uma 
turnê com o cantor jamaicano e filho do rei do reagge, Damian Marley. Para a 
Copa do Mundo da África do Sul, Nneka gravou a música "Viva África" com objetivo 
celebrar o primeiro evento desse porte em solo africano. Nneka que tem um músico 
brasileiro na banda nunca veio ao Brasil, mas, segundo contou, 
tem planos de realizar um show por aqui em breve.
Assita video clip da cantora:
http://www.youtube.com/watch?v=YsGk7I5AZBs&feature=player_embedded
Fonte:
http://www.geledes.org.br/patrimonio-cultural/artistico-esportivo/musica/cantoras-compositoras/12990-nneka-cantora-nigeriana-em-uma-viagem-de-reggae-rap-jazz-funk-trip-hop-soul acesso em 06/06/2012
O CHIFRE DA ÁFRICA
O Chifre da África
É uma região localizada no nordeste do continente africano.
São quatro países que pertencem ao Chifre da África: Somália, Djibuti, Etiópia e Eritréia.
Etiópia
Com a federação formada pela Etiópia e a Eritréia, em 1952 teve inicio uma época de grandes golpes de Estado na história política da Etiópia. Hailé Salassié permaneceu no governo de 1930 a 1974, sendo que durante o período de 1935 a 1941 o país esteve dominado pela Itália.
O ano de 1975 foi marcado pelo golpe militar que derrotou o governo de Hailé Salassié, deixando o país mais próximo da URSS, e cada vez mais envolvido na Guerra Fria.
A partir de 1987, com a Proclamação da República Popular e Democrática da Etiópia, a guerra civil se torna mais intensa. No ano de 1991 chega ao fim a União Soviética e o socialismo, e com isso o governo esquerdista da Etiópia é destruído, e a província do norte se torna independente.
Durante 10 anos (1975/85) ocorreram sucessivos movimentos separatistas em diversas partes do país.
1977 e 1978 foram os anos em que a Etiópia e a Somália estiveram em guerra, que foi causada pela disputa do Deserto de Ogadem.
Os anos da década de 80 ficaram marcados na história da Etiópia, pois o país estava sendo castigado pela fome e pela seca que deixou quase metade da população subnutrida.
Com a independência da Eritréia, conquistada em 1993, a Etiópia acabou ficando sem o seu ponto estratégico, que era a saída pelo Mar Vermelho.
A partir de 1998, Eritréia e Etiópia entraram em confronto, que gerou uma guerra que permaneceu até o ano de 2000, deixando milhares de mortos e agravando a economia da Etiópia, que já não era considerada estável, além disso, a fome e a subnutrição também continuaram sendo os fatores agravantes para a situação do país.
Eritréia
Como já vimos anteriormente, a Eritréia é um país recente, pois teve a sua independência conquistada em maio de 1993, quando o governo da Etiópia anunciou a sua liberdade que foi ratificada em plebiscito por praticamente toda a população. A Eritréia não queria ter problemas com a Etiópia, portanto o país decidiu liberar o acesso de alguns portos para os etíopes. Porém, mesmo após a esses acordos o clima entre os dois países ainda era tenso. E no ano de 2000, a Etiópia invade a Eritréia justificando que os guerrilheiros do exército eritreu também haviam invadido o território deles.
Guerra com a Etiópia
No fim de 1997, a ligação entre a Etiópia e a Eritréia começou a se arruinar quando a Eritréia, que usava a moeda da Etiópia passou a usar a sua própria moeda, a nakfa.
A guerra entre os dois países eclodiu oficialmente em 1998, quando houve a invasão territorial de ambos os países. Somente, no ano de 2000 é que o conflito foi controlado, quando um acordo de paz foi assinado pelos dois países.
A Etiópia era um grande aliado comercial da Eritréia, mais da metade das exportações do país eram compradas pela Etiópia. E com o fim da guerra, a economia da Eritréia ficou derrotada. E a Etiópia tomou a decisão de exportar pelo Djibuti.
Além disso, o ano de 2002 ficou marcado pela intensa seca que afetou o país, que teve que enfrentar o problema da fome.
Somália
A década de 90 ficou marcada na Somália como um período de grandes dificuldades causadas pelas guerras internas que pioravam o quadro de fome no país.
Até o ano de 1991, a Somália era governada em regime ditatorial, quando houve a derrota da ditadura de Siad Barre. Com isso, muitas tribos se organizaram em partidos para lutar pelo poder do país. O conflito se espalhou, agravando a situação da fome, deixando o país em situação de emergência, sendo preciso que a ONU fizesse intervenções enviando suas tropas para o país, porém as ações dos soldados foram infelizes, e as tropas foram retiradas em 1995.
Assim, a guerra civil prosseguiu até 1998, quando no Egito foi assinado um acordo para a criação de um governo de transição a fim de solucionar a causa a guerra. Mesmo assim, os problemas não foram resolvidos, e os conflitos continuaram no país.
MAPA DOS PAÍSES DO CHIFRE DA ÁFRICA

É uma região localizada no nordeste do continente africano.
São quatro países que pertencem ao Chifre da África: Somália, Djibuti, Etiópia e Eritréia.
Etiópia
Com a federação formada pela Etiópia e a Eritréia, em 1952 teve inicio uma época de grandes golpes de Estado na história política da Etiópia. Hailé Salassié permaneceu no governo de 1930 a 1974, sendo que durante o período de 1935 a 1941 o país esteve dominado pela Itália.
O ano de 1975 foi marcado pelo golpe militar que derrotou o governo de Hailé Salassié, deixando o país mais próximo da URSS, e cada vez mais envolvido na Guerra Fria.
A partir de 1987, com a Proclamação da República Popular e Democrática da Etiópia, a guerra civil se torna mais intensa. No ano de 1991 chega ao fim a União Soviética e o socialismo, e com isso o governo esquerdista da Etiópia é destruído, e a província do norte se torna independente.
Durante 10 anos (1975/85) ocorreram sucessivos movimentos separatistas em diversas partes do país.
1977 e 1978 foram os anos em que a Etiópia e a Somália estiveram em guerra, que foi causada pela disputa do Deserto de Ogadem.
Os anos da década de 80 ficaram marcados na história da Etiópia, pois o país estava sendo castigado pela fome e pela seca que deixou quase metade da população subnutrida.
Com a independência da Eritréia, conquistada em 1993, a Etiópia acabou ficando sem o seu ponto estratégico, que era a saída pelo Mar Vermelho.
A partir de 1998, Eritréia e Etiópia entraram em confronto, que gerou uma guerra que permaneceu até o ano de 2000, deixando milhares de mortos e agravando a economia da Etiópia, que já não era considerada estável, além disso, a fome e a subnutrição também continuaram sendo os fatores agravantes para a situação do país.
Eritréia
Como já vimos anteriormente, a Eritréia é um país recente, pois teve a sua independência conquistada em maio de 1993, quando o governo da Etiópia anunciou a sua liberdade que foi ratificada em plebiscito por praticamente toda a população. A Eritréia não queria ter problemas com a Etiópia, portanto o país decidiu liberar o acesso de alguns portos para os etíopes. Porém, mesmo após a esses acordos o clima entre os dois países ainda era tenso. E no ano de 2000, a Etiópia invade a Eritréia justificando que os guerrilheiros do exército eritreu também haviam invadido o território deles.
Guerra com a Etiópia
No fim de 1997, a ligação entre a Etiópia e a Eritréia começou a se arruinar quando a Eritréia, que usava a moeda da Etiópia passou a usar a sua própria moeda, a nakfa.
A guerra entre os dois países eclodiu oficialmente em 1998, quando houve a invasão territorial de ambos os países. Somente, no ano de 2000 é que o conflito foi controlado, quando um acordo de paz foi assinado pelos dois países.
A Etiópia era um grande aliado comercial da Eritréia, mais da metade das exportações do país eram compradas pela Etiópia. E com o fim da guerra, a economia da Eritréia ficou derrotada. E a Etiópia tomou a decisão de exportar pelo Djibuti.
Além disso, o ano de 2002 ficou marcado pela intensa seca que afetou o país, que teve que enfrentar o problema da fome.
Somália
A década de 90 ficou marcada na Somália como um período de grandes dificuldades causadas pelas guerras internas que pioravam o quadro de fome no país.
Até o ano de 1991, a Somália era governada em regime ditatorial, quando houve a derrota da ditadura de Siad Barre. Com isso, muitas tribos se organizaram em partidos para lutar pelo poder do país. O conflito se espalhou, agravando a situação da fome, deixando o país em situação de emergência, sendo preciso que a ONU fizesse intervenções enviando suas tropas para o país, porém as ações dos soldados foram infelizes, e as tropas foram retiradas em 1995.
Assim, a guerra civil prosseguiu até 1998, quando no Egito foi assinado um acordo para a criação de um governo de transição a fim de solucionar a causa a guerra. Mesmo assim, os problemas não foram resolvidos, e os conflitos continuaram no país.
MAPA DOS PAÍSES DO CHIFRE DA ÁFRICA

Nova Divisão territorial do Sudão e suas consequências
Sudão: Divórcio de risco no Sul e no Norte
O desfecho do referendo do Sudão do Sul vai ser 
a secessão. Nascem dois países. Ambos correm riscos de desintegração. A 
oportunidade de paz está num acordo sobre a renda do petróleo. Este está no Sul 
e tem de ser exportado pelo Norte. A China, principal interessado, pode ser o 
mediador. A água do Nilo e o petróleo determinaram a sua história. 
Dois novos Estados vão nascer em África. No 
Sudão do Sul começa amanhã (até 15) um referendo sobre a independência. O 
resultado é certo: secessão. O problema não é o previsível caos da votação: é “o 
dia seguinte”. Uns falam em “divórcio à checa”, outros em risco de guerra e 
desintegração. A independência terá de esperar por Julho, que é também a data 
limite para o decisivo acordo sobre o petróleo. 
 Os pessimistas falam em abertura da Caixa de 
Pandora e em “suicídio colectivo”. O Sul tem grandes recursos – minerais e 
petróleo –, mas será difícil construir um Estado e uma administração pública em 
tempo útil. Apenas há um exército e tribalizado. Faltam elites e funcionários. O 
Sul não tem identidade própria, é um mosaico de 100 tribos, apenas unidas contra 
a opressão do Norte. Em 2009, confrontos tribais e de senhores da guerra fi 
zeram 2500 mortos.
 Os pessimistas falam em abertura da Caixa de 
Pandora e em “suicídio colectivo”. O Sul tem grandes recursos – minerais e 
petróleo –, mas será difícil construir um Estado e uma administração pública em 
tempo útil. Apenas há um exército e tribalizado. Faltam elites e funcionários. O 
Sul não tem identidade própria, é um mosaico de 100 tribos, apenas unidas contra 
a opressão do Norte. Em 2009, confrontos tribais e de senhores da guerra fi 
zeram 2500 mortos. Por sua vez, o Norte, que sempre comandou, tornar-se-á num Estado pobre e instável se perder o Sul. A secessão é descrita em Cartum como uma “conspiração sionista” patrocinada pelos americanos. O Presidente Omar al-Bashir, que nos últimos tempos tem tentado seduzir o Sul, teme um golpe de Estado que levaria ao poder o partido islamista. Os outros focos de guerra permanecem activos ou prontos a reacender-se: do Darfur às montanhas Nuba.
Os optimistas dizem que a longa tragédia do Sudão – mais de quatro milhões de mortos em guerras civis desde a independência, em 1956 – torna difícil imaginar um futuro pior. E há o argumento da razão: se os actores forem racionais, uma nova guerra é impensável, pois o petróleo representa 95 por cento das receitas do Sul e 60 por cento das do Norte e só o podem explorar em conjunto. Oitenta por cento da produção está no Sul, mas é exportada pelo Norte, já que o Sul não tem acesso ao mar. Estão condenados a chegar a acordo, sob pena de suicídio.
As águas do Nilo
Os americanos tendem a olhar o conflito em termos de “choque das civilizações”. Para as igrejas pentecostalistas americanas, o Sudão é um palco da guerra entre o islão e a cristandade. Para os negros americanos, é a emancipação dos antigos escravos contra os esclavagistas árabes. Não é o petróleo que faz mover Washington: é a localização geopolítica do país e, sobretudo, a opinião pública americana.
As coisas são mais complicadas. O conflito remonta a dois momentos distintos. O primeiro é a constituição do Sudão moderno. O segundo é a longa guerra Sul-Norte.
O Sudão sempre foi uma área de interesse do Egipto: é vital para o controlo da água do Nilo. Foram os egípcios que o unifi caram e colonizaram a partir de 1821. Suplementarmente recrutavam no Sul escravos e soldados. Foram varridos por uma revolta políticoreligiosa, a do Mahdi, em 1883, que se estendeu a todo o país. Os britânicos, que tinham o desígnio de unir o Sudão à Cidade do Cabo por um caminho-de-ferro, socorreram o Egipto e, à segunda tentativa, em 1899, esmagaram o exército do Mahdi e estabeleceram um condomínio anglo-egípcio sobre o Sudão. Durará até à independência. O Cairo foi determinante na manutenção da unidade sudanesa: sempre o Nilo, que determina a sua economia.
Dois milhões de 
mortos 
Em 1955, eclode a primeira revolta anti-Norte, devido à marginalização dos partidos do Sul. O poder era detido – e ainda hoje é – pelas elites do extremo Norte e do vale do Nilo. A rebelião durou 17 anos. Só em 1972 foi assinado um tratado de paz pelo novo Presidente sudanês, Gaafar Nimeiry.
Em 1955, eclode a primeira revolta anti-Norte, devido à marginalização dos partidos do Sul. O poder era detido – e ainda hoje é – pelas elites do extremo Norte e do vale do Nilo. A rebelião durou 17 anos. Só em 1972 foi assinado um tratado de paz pelo novo Presidente sudanês, Gaafar Nimeiry.
Em 1983, um 
projecto de divisão administrativa do Sul e o anúncio da aplicação da 
sharia (lei islâmica) provocam nova revolta sulista, chefi ada pelo 
coronel John Garang, que funda o Exército de Libertação dos Povos do Sudão 
(SPLA). Garang não exigia a independência, mas um Estado federal, laico e 
democrático, o que lhe permitiu fazer alianças com os rebeldes de outras zonas e 
mesmo no Norte, onde tinha prestígio. 
A guerra durará 19 
anos e o balanço é eloquente. Mais de dois milhões de mortos. Quatro milhões de 
refugiados. Fome maciça. A ajuda alimentar confi scada pelos grupos armados. 
Bombardeamento de aldeias. Massacres indiscriminados, muitos deles para fazer 
deslocar populações. Guerra sem prisioneiros, de parte a parte. Escravatura 
praticada por algumas milícias governamentais. A descoberta do petróleo 
intensifi ca a violência, pois os nortistas tentam ocupar as áreas das jazidas e 
expulsar as populações. Foi uma “guerra esquecida” e sem imagens. Subitamente, 
em 1998, os ecrãs das televisões foram inundados com imagens das crianças 
esqueléticas do Sudão. O filme, patrocinado pelo British Disaster Emergency 
Commitee, mostrava uma multidão a lutar por sacos de farinha lançados de aviões 
Hércules-130. “Seguia-se o espectáculo incómodo de crianças a morrer à fome, 
cobertas de moscas, com o inevitável representante das ONG passando um lenço no 
rosto perturbado e coberto de poeira.” A Lifeline Sudan, lançada em 1987 pelas 
Nações Unidas, foi a maior operação humanitária de sempre mas deixou um rasto de 
frustração: a ajuda alimentou antes de mais os bandos armados. 
Trégua e separação
Em 2002, após êxitos militares da guerrilha, Garang assina com o governo de Cartum o acordo de Machakos (Quénia), que estabelece o cessar-fogo, anula a sharia no Sul e reconhece o direito à autodeterminação. Em 2005, é concluído o Acordo de Paz Global, que consagra um esquema provisório de partilha da renda do petróleo, a retirada das tropas governamentais (consumada em 2007), a criação de governo semiautónomo no Sul e, sobretudo, o referendo de 2011.
Era um acordo incompleto, visando uma confederação, com muita desconfiança de parte a parte. A morte de John Garang, semanas depois num acidente de helicóptero, esvaziará o projecto. O Norte nada fez para a concretizar. E a crise do Darfur concentrou a atenção internacional.
Lentamente, estabeleceu-se uma separação de facto entre Norte e Sul. Juba, a capital do Sul, que era uma aldeia no mato, beneficiou do boom da receita do petróleo e da ajuda internacional. O sentimento independentista tornou-se irreversível.
O Egipto, sempre preocupado com o acordo de distribuição da água do Nilo, continua a exigir a unidade sudanesa. A União Africana reafirma a intangibilidade das fronteiras e teme um efeito “bola de neve” sobre outros focos secessionistas. Mas os países da África Oriental apoiam a independência – vêem no novo Estado a fronteira geopolítica entre a esfera africana e a esfera árabe do continente, uma “segunda descolonização”.
O destino de Bashir
Omar al-Bashir tomou o poder em Cartum em 1989, tendo como mentor o teórico islamista Hassan al- Tourabi. Este terá tentado destituir Bashir em 1999. Foi ostracizado e depois preso. Libertado em 2005, é o pesadelo do poder. Ele e os nacionalistas, de inspiração nasserista, acusam agora Bashir de vender o país e anunciam antecipadamente uma revolta contra a independência do Sul. O mesmo fazem, em tom agressivo, outros países árabes e todos os islamistas. Bashir responde que, em caso de secessão, a lei islâmica será radicalizada no Norte.
Os islamistas temem perder uma base. Os EUA fazem promessas a Bashir se ele se “portar bem”. É uma incógnita. Se o Sul se arrisca a ser um “Estado falhado”, a separação fará do Norte um “país pobre”. Bashir não tem condições para recomeçar a guerra no Sul. Mas que acontecerá se for derrubado?
A porta de saída seria um rápido acordo entre Cartum e Juba sobre o petróleo, o que não é simples, pois entram em choque as ambições. O Quénia gostaria de ver o petróleo sudanês escoado por um porto seu, o que incentiva o Sul a subir a parada. A China, principal explorador do petróleo sudanês, pode ser a chave. Não quer guerra. Será o mediador mais eficaz.
Trégua e separação
Em 2002, após êxitos militares da guerrilha, Garang assina com o governo de Cartum o acordo de Machakos (Quénia), que estabelece o cessar-fogo, anula a sharia no Sul e reconhece o direito à autodeterminação. Em 2005, é concluído o Acordo de Paz Global, que consagra um esquema provisório de partilha da renda do petróleo, a retirada das tropas governamentais (consumada em 2007), a criação de governo semiautónomo no Sul e, sobretudo, o referendo de 2011.
Era um acordo incompleto, visando uma confederação, com muita desconfiança de parte a parte. A morte de John Garang, semanas depois num acidente de helicóptero, esvaziará o projecto. O Norte nada fez para a concretizar. E a crise do Darfur concentrou a atenção internacional.
Lentamente, estabeleceu-se uma separação de facto entre Norte e Sul. Juba, a capital do Sul, que era uma aldeia no mato, beneficiou do boom da receita do petróleo e da ajuda internacional. O sentimento independentista tornou-se irreversível.
O Egipto, sempre preocupado com o acordo de distribuição da água do Nilo, continua a exigir a unidade sudanesa. A União Africana reafirma a intangibilidade das fronteiras e teme um efeito “bola de neve” sobre outros focos secessionistas. Mas os países da África Oriental apoiam a independência – vêem no novo Estado a fronteira geopolítica entre a esfera africana e a esfera árabe do continente, uma “segunda descolonização”.
O destino de Bashir
Omar al-Bashir tomou o poder em Cartum em 1989, tendo como mentor o teórico islamista Hassan al- Tourabi. Este terá tentado destituir Bashir em 1999. Foi ostracizado e depois preso. Libertado em 2005, é o pesadelo do poder. Ele e os nacionalistas, de inspiração nasserista, acusam agora Bashir de vender o país e anunciam antecipadamente uma revolta contra a independência do Sul. O mesmo fazem, em tom agressivo, outros países árabes e todos os islamistas. Bashir responde que, em caso de secessão, a lei islâmica será radicalizada no Norte.
Os islamistas temem perder uma base. Os EUA fazem promessas a Bashir se ele se “portar bem”. É uma incógnita. Se o Sul se arrisca a ser um “Estado falhado”, a separação fará do Norte um “país pobre”. Bashir não tem condições para recomeçar a guerra no Sul. Mas que acontecerá se for derrubado?
A porta de saída seria um rápido acordo entre Cartum e Juba sobre o petróleo, o que não é simples, pois entram em choque as ambições. O Quénia gostaria de ver o petróleo sudanês escoado por um porto seu, o que incentiva o Sul a subir a parada. A China, principal explorador do petróleo sudanês, pode ser a chave. Não quer guerra. Será o mediador mais eficaz.
Como quase sempre, a sorte ou a tragédia de um 
país são desenhadas pela sua riqueza: neste caso, as águas do Nilo e o 
petróleo. 
Mais um caso de descaso das grandes potências mundiais em uma área de garnde tensão armada.
Para refletir.
Fonte:
http://www.publico.pt/Mundo/sudao-divorcio-de-risco-no-sul-e-no-norte_1474308?all=1 acessado em 05/06/2012
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